Por Que “Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Marques é Um Dos Melhores Livros Que Já Li? Houve um tempo que tentei ler “Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Marques e não consegui. Minha resistência se deu porque já tinha ouvido algumas pessoas comentarem que o livro  tinha muitos personagens.

Outras pessoas também disseram que a história era longa demais e por causa do número grande de personagens a gente esquecia  quem era quem. Essas informações bastaram para que eu criasse uma barreira e não lêsse o livro.

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Venci esta resistência porque participo de um clube de leitura “Clube dos 100 Livros” e sugeri às minhas amigas que o  livro  a ser lido fôsse “Cem Anos de Solidão”. Afinal é um clássico da literatura mundial. Minhas amigas toparam e eu me desafiei a começar a leitura.  Já que participava de um clube de leitura, era preciso sair de minha zona de conforto e ler livros mais complexos.

Iniciei a leitura e para minha surpresa,  de cara já comecei a gostar da história. Além de ser linda, a liguagem é fácil, os personagens, o tempo, a narrativa, o espaço tudo combina com tudo. O livro é sonoro e musical e  começa com uma frase impactante que já me prendeu desde sempre. É uma frase que faz a gente pensar se na hora da morte a história de nossa vida não nos passará diante dos olhos.

“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo.”

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Sabe aquela história que te fascina e que te impressiona pela qualidade literária da obra? Pois esta  saga de sete gerações da Família Buendia  que vive na fictícia cidade de Macondo é de um realismo mágico fantástico.  Mistura o real com motivos e elementos fantásticos. A saga conseguiu  me prender do início ao fim.

Quem nunca ouviu histórias cabeludas e absurdas quando  era criança?  A história me fez rir porque os absurdos  são incríveis. Pra começar tem uma chuvarada que nunca cessa e que dura anos e anos. Depois tem as borboletas que voam em cima de uma mulher que come areia. Tem o personagem principal que escapa de um pelotão de fuzilamento e por aí vai.  Tem a epidemia do esquecimento causada pela epidemia da insônia.

Os seis personagens centrais, que dão início ao romance e dominam a primeira parte, são: José Arcádio Buendía, o entusiasmado fundador da vila de Macondo. A esposa dele, Úrsula Iguarán, espinha dorsal não só da família, mas também do romance inteiro. Os filhos, José Arcádio e Aureliano – o último, coronel Aureliano Buendía, considerado  o principal personagem do livro. A filha, Amaranta, atormentada quando criança e amargurada como mulher.  E o cigano Melquíades, que traz as notícias do mundo exterior e, por fim, estabelece-se em Macondo.

É muito interessante a  repetição do nome dos filhos, netos, bisnetos e trinetos. E a idêntica sina destes personagens solitários ao longo do romance. E eu acabei gostando tanto destes personagens que  foi impossível não querer saber o que iria acontecer com eles.

Cem Anos de Solidão é um livro que arrebatou leitores do mundo todo. A tiragem inicial de oito mil exemplares esgotou-se em quinze dias.   Em 1982, quando García Márquez foi contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura, só em espanhol, 25 milhões de exemplares de Cem anos de solidão foram  vendidos.

por-que-cem-anos-de -solidão-de-gabriel-garcia-marque-e-um-dos-melhores-livros-que-ja-liGarcía Márquez faleceu no dia 17 de abril de 2014, aos 87 anos, na Cidade do México, depois de lutar por alguns anos contra o câncer nos pulmões, gânglios e fígado.

O livro completou 50 anos  de  seu lançamento no ano passado. E a leitura continua importante e suscita várias indagações que deixa o leitor perplexo até hoje.  A obra  é considerada um dos romances mais importantes do século XX.

Cem Anos de Solidão é um dos melhores livros que já li, se não o melhor, porque?

  • ele não esgota em si todas as possibildades de significados. O tempo em Macondo não é finito.  O tempo lá é cíclico e o futuro é previsível. Assim como o passado, o presente  e o futuro que se sobrepõem.
  • a repetiçào do nome José e a metáfora que este nome simboliza no patriarcado. José na Bíblia é marido de Maria e pai da criação de  Jesus;
  • a história se mistura  e se confunde com a história de vida de Gabo (apelido de GGM) e de sua Arataca, sua terra Natal que é uma pequena cidade da Colômbia.
  • Gabriel Garcia Marques é considerado um dos melhores escritores do século XX
  • Para publicar o livro GCM teve a ajuda de sua mulher Mercedes que vendeu até seu secador de cabelos para ajudá-lo financeiramente. Eles ficaram casados por 60 anos e tiveram dois filhos;
  • é a obra mais famosa do Nobel de Literatura e não foi aclamada apenas pelos críticos, mas por leitores do mundo todo;
  • o livro foi escrito em 18 meses apenas;
  • ninguém na Colômbia se interessou em editar o livro.  Então ele enviou um manuscrito para Buenos Aires, onde a primeira edição do romance foi impressa;
  • Gabo não teve dinheiro suficiente para enviar pelo correio a seu editor os manuscritos do livro. Enviou apenas  a metade. Passado um final de semana, ele e Mercedes penhoram o aquecedor do estúdio e a batedeira para terem dinheiro para enviarem a outra metade. E ao enviar a segunda metade, eles perceberam que tinham trocado: enviaram primeiro a segunda metade e depois é que foi a primeira parte;
  • os amigos do casal levaram cestas básicas para que eles tivessem o que comer no período em que o livro foi escrito;
  • o livro foi traduzido em 37 línguas  e vendeu dezenas de milhões de cópias. Está entre os mais lidos e traduzidos do mundo todo;
  • existem 100 edições pelo mundo afora;
  • é um livro plural que contém todos os sentidos e toda a moral e é para ser lido sempre;
  • a frase inicial já é um poema e é  uma das mais famosas da literatura:  “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde passava o tempo armando peixinhos de ouro. Tivera que promover 32 guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fuçar como um porco na estrumeira da glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade”.

Eu ficaria muito tempo falando e escrevendo sobre este livro e confesso que a discussão dele em meu Clube do Livro foi muito curta. Porém, o meu livro sensacional pode não ser o seu livro da  sua vida. Só tenho que agradecer a Gabriel Garcia Marques por ter me dado a oportunidade de ler esta história incrível. É um daqueles livros que temos que colocar na lista: Livro Que Você Tem Que Ler Antes de Morrer.

E para você? Qual livro é o seu preferido ou aquele que faz você pensar nele com muito carinho?

Veja também este post: 4 Livros Para dar de Presente no Natal

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11 comentários

Comentário

É por isso que a gente não pode se ater aos comentários dos outros. Um livro como esse realmente não atinge todo mundo, mas aqueles que são tocados por ele, o carregam por toda vida. Já li duas vezes: quando era adolescente e agora, uns seis meses atrás, já com cinquentinha. Queria também ter alguém para discutir. Dei para meu marido ler e acho que ele não passou da página dez kkkkk.

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Oi Taciana, que bom receber teu comentário e saber que assim como eu “Cem Anos de Solidão” fez tanto sentido. Você traduziu bem meu sentimento: um livro como este realmente não atinge todo mundo. Sabe que eu também já pensei que daqui algum tempo vou lê-lo novamente. Obrigada pela visita e volte sempre! Beijos!

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Janeisa, li essa obra prima ainda a faculdade. Mas seu post foi tão inspirador que até me deu vontade de reler! É um livro realmente apaixonante!
Bjs

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Oi Denise, vale a pena relê-lo. Você terá uma visão diferente e aproveitará muita mais o livro agora. Beijo grande!.

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Oi Janeisa.

Descobri seu site hoje, e pode deixar vou ler esse livro, pois amo ler e gosto de me aventurar sempre em novas aéreas.

Obrigada

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Oi Vilma, fico feliz que tenhas descoberto mau blog. Tenho certeza que irás encontrar muito de seu interesse em tantos posts publicados nas várias categorias. Leia sim “Cem Anos de Solidão”, este foi sem sombra de dúvida um dos livros do meu Top 1o dos Mais Marcantes na Vida. Beijo Grande e volte sempre!

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Oi Janeisa,

Estou para ler pela primeira vez, e por ser uma obra importante queria escolher a melhor traducão possível. Ou em ingles, ou em portugues, qual lingua recomenda e qual edicao?

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Oi Matheus eu só li em português. O original é em espanhol. Adorei e a edição em português e então me apaixonei pelo livro. Boa leitura! Abraços!

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Ler esse livro em plena Pandemia fez eu repensar tanta coisa na vida!!!! Mas a principal é o desejo de ler novamente que eu tinha perdido. Tomara que essa pandemia seja apenas o período chuvoso de Cem anos de solidão. Ademais, saúde e paz a todos nós e que possamos ter mais tempo para “perdermos” nas leituras dos grandes.

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Oi, Janeisa
Se Cem anos de solidão te causou tamanho impacto, imagina quando ler Crime e Castigo, do gênio Dostoiévski, o maior escritor de todos os tempos.
Crime e Castigo é um livro filosofal, metafísico, influenciou Nietzsche, Freud, Schopenhauer, Machado de Assis, Edgar Allan Poe, é um livro recomendado para psicólogos, psiquiatras, detentos.
O crime que motivou Raskólnikov em sua machadinha dilacerando a velha usurária é um debate ético de tamanha profundidade que não se encontra em nenhum outro livro.

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Oi Luis Fernando, por este comentário, você nem sabe, o quanto me instigou e desafios a ler Dostoiévski. Não sei se terei a compreensão cognitiva para me debruçar sobre as páginas deste livro escrito por este gênio, mas fiquei muito encorajada. Obrigada pelo seu comentário tão produtivo e absolutamente provocador, no sentido de desafio.
Grande abraço!

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